PF investiga Waguinho por desvios em contratos de mais de R$ 100 milhões para compra de livros didáticos

O ex-prefeito de Belford Roxo (RJ) Wagner dos Santos, o Waguinho, passou a ser investigado pela Polícia Federal (PF) na Operação Errata por suspeitas de envolvimento em um esquema de desvios em contratos de mais de R$ 100 milhões para compra de livros didáticos, segundo informação do Fábio Serapião, em sua coluna no portal Metrópoles.

 

A operação Errata é resultado de uma parceria entre a PF, o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da República. Waguinho entrou na mira da apuração após a PF realizar busca e apreensão em vários endereços no dia 11 de fevereiro deste ano. Durante as buscas foram encontrados indícios de que ele também teria participação no esquema e, por isso, ele passou a ser investigado.

 

 

A maioria dos R$ 100 milhões em contratos para compra de livros didáticos foram assinados durante a gestão de Waguinho como prefeito de Belford Roxo.

 

O esquema investigado na Errata, segundo a apuração, envolve as editoras Soler e IPDH, que fecharam uma série de contratos milionários com o município na gestão Waguinho. Os livros, no entanto, poderiam ter sido adquiridos gratuitamente pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) do Ministério da Educação (MEC).

 

 

O esquema envolve uma teia de empresas e “laranjas”, que atuavam no escoamento dos valores provenientes dos desvios.

 

Dados da investigação mostram que ao menos duas empresas citadas na apuração mantiveram relações com a campanha da deputada Daniela Carneiro, mulher de Waguinho.

 

A campanha de Daniela, em 2022, contratou a Lastro Indústrias Gráficas. A empresa recebeu cerca de R$ 5,7 milhões da Editora Soler, que foi alvo de busca e apreensão e é uma das principais investigadas na operação Errata.

 

Segundo a PF, a Soler não tinha funcionários desde 2016. Mesmo assim, assinou, entre 2019 e 2023, R$ 53 milhões em contratos com a gestão de Waguinho.

 

 

Também é citada na investigação da PF, a empresa Rubra Editora e Gráfica.

 

 

Assim como a Lastro, ela tinha como sócio João Morani Veiga, que foi alvo de busca na operação Errata.

 

A Rubra foi a empresa que mais recebeu da campanha da deputada federal em 2022. Foram R$ 561 mil recebidos no período eleitoral.

Defesa

A deputada Daniela Carneiro negou “veementemente qualquer tipo de vínculo ou relação com as pessoas e empresas citadas no processo.”

 

“Quanto às gráficas, os serviços contratados na época da campanha foram todos retirados nos parques gráficos indicados pelas empresas contratadas”, disse a parlamentar.

 

Já o titular da editora Soler, Sandro Coutinho, negou qualquer tipo de irregularidade e afirmou que o valor repassado à Lastro é resultado de 5 anos vendendo livros ao município, uma vez que a gráfica foi responsável por rodas os materiais.

 

Coutinho afirma que ao invés de receber os livros “estáticos” de graça pelo governo, o município pode escolher comprar seu próprio livro, “dinâmico e regionalizado principalmente nas matérias de história e geografia do local”.

 

“Não existe dois dinheiros , existe a opção de receber os livros ,ou pedir o repasse da verba para poder comprá-los”, afirma. “o IDEB do município cresceu na parceria com a Soler. Praticamos preço de mercado , de forma alguma houve superfaturamento”.

 

Waguinho não respondeu até o fechamento desta matéria.