Moradores de Nova Iguaçu sofrem com poluição causada por usina de concreto

Moradores da Rua João XXIII, no bairro Margarida, em Nova Iguaçu, vem passando um sufoco desde setembro de 2022. É que desde essa data, a usina de concreto de asfalto BR Concreto, situada na Rua Lateral, está espalhando poluição atmosférica, através da dispersão de partículas de cimentos e causando crime ambiental e problemas de saúde às pessoas.

 

A autônoma Ana Paula Silva, que reside no número 61, localizado atrás da empresa, conta que o sofrimento é diário e intenso. “Estão acontecendo graves crimes ambientais por meio da dispersão de particulados de cimentos e agregados. O mal afeta ainda o sofrimento da população que mora no entorno da empresa poluidora”, denuncia Ana Paula.

 

Segundo ela, os moradores inalam diariamente a poeira de cimento. “Essa poeira é altamente prejudicial à saúde, pois se agrega nas mucosas respiratórias, causando a silicose, que é uma doença pulmonar que se caracteriza pela formação de tecido cicatricial nos pulmões, devido à inalação de poeira de sílica, o que pode levar à morte a longo prazo”, explica Ana Paula.

 

A autônoma avalia que a lista de crimes ambientais é extensa, porque a legislação ambiental não é respeitada, destacando-se a Resolução Conama nº 3/90. No Brasil, os Padrões de Qualidade do Ar foram estabelecidos inicialmente pela Resolução CONAMA nº 03/90, de 28/06/1990, que contemplou os parâmetros: Partículas Totais em Suspensão, Partículas Inaláveis, Dióxido de Enxofre, Monóxido de Carbono, Ozônio, Dióxido de Nitrogênio e Fumaça.

 

“Estamos vivendo um verdadeiro terror dentro de nossas próprias casas e estamos apavorados, com o risco de grave problema de saúde em razão da poluição e ainda com risco de morte iminente em decorrência da falta de estrutura do local. Já levamos o caso ao Ministério Pública, mas a resposta que recebemos é que a instituição está cobrando providências da prefeitura. Quanto à BR Concreto, não há qualquer resposta para as nossas perguntas”, lamenta Ana Paula.

 

O problema não para por aí. Isso porque, antes da fábrica iniciar as atividades, em setembro de 2022, quando ocorria a limpeza do terreno, um tronco atravessou a parede da casa da Ana Paula. “Uma estaca vazou a parede da minha residência, deixando um buraco. Na época, não houve qualquer assistência. Atualmente, com o funcionamento da fábrica, meu imóvel está apresentando intensos tremores e rachaduras, sem contar o barulho estrondoso, que, por muitas vezes, ultrapassa o horário comercial e ocorre até mesmo durante os domingos”, denuncia.

 

“Diariamente meu quintal fica tomado de pó, sendo que toda a minha família vem inalando tal substância. Tenho uma bebê recém-nascida e ela vem sofrendo com problemas respiratórios, além de todas as outras pessoas de casa. Recentemente um vizinho, que também teve a residência e a saúde afetadas, sendo que estava realizando quimioterapia, veio a falecer. A filha e a esposa dele, além de sofrerem com a perda, ainda estão sofrendo com toda essa situação. Estamos sendo obrigados a sair da própria casa, praticamente expulsos por conta do descaso com o problema”, conclui Ana Paula.