Filme gravado em Nova Iguaçu é lançado na Alemanha, com comitiva brasileira

O desaparecimento forçado na Baixada Fluminense — e os impactos na vida das mães que perderam seus filhos — é o tema do documentário “Desova”, com direção e roteiro de Laís Dantas, e produzido pela Quiprocó Filmes. Desde o último dia 11, até a próxima quarta-feira, uma comitiva ligada ao filme participa não só do lançamento e exibição do filme na Alemanha, como também de atividades com movimentos sociais, representações políticas e organizações da sociedade civil, para discutir e jogar luz sobre as questões propostas pela obra.

 

As cidades do roteiro são Frankfurt, Dresden, Berlim e Colônia, acompanhado por Renata Santos, da Rede de Mães e Familiares de Vítimas de Violência de Estado da Baixada Fluminense, e Joseane Martins, do coletivo de mulheres “Filhos nos Braços do Pai” — que representam as mães — assim como Gabriel Barbosa, produtor do filme e diretor da Quiprocó Filmes; Adriano Araújo, Coordenador Executivo do Fórum Grita Baixada; e Nalayne Pinto, Pesquisadora do Observatório Fluminense da Universidade Federal Rural do Rio (UFRRJ).

— A expectativa está muito alta em visibilizar esse assunto da Baixada Fluminense, que é um tabu, que quase não é falado, que quase não é mostrado, que sempre afeta os corpos negros, periféricos, que são alvo desse desaparecimento forçado — afirma Renata. — A gente está em busca de políticas públicas para que venha mudar essa lei e possamos ter realmente investigações dignas a respeito.

Nesta segunda-feira (17), a agenda do grupo tem uma entrevista com a jornalista alemã Julia Giessler, além de um encontro com funcionários da Fundação Heinrich Böll. À noite, também haverá um encontro com cineastas que produzem filmes relacionados a questões de Direitos Humanos.

Gravado em Nova Iguaçu

 

Filmado na região do KM 32, em Nova Iguaçu, assim como localidades próximas, “Desova” apresenta dados sobre o desaparecimento forçado, além de apresentar depoimentos de mães que se organizaram em coletivos e em grupos de arteterapia para lidar com a dor da ausência, além de depoimentos de pesquisadores e estudiosos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) que desenvolvem pesquisas focadas no assunto.

A partir de dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública — que calcula 369,737 mil desaparecimentos no Brasil entre 2017 e 2022 — o filme propõe retratar não só os impactos desses casos a longo prazo, como na vida das mães, mas também na região em que aconteceram.